Cadê Deus numa hora dessas?

17.9.16 -
Deus, meu queridinho. Hoje eu passei o dia ansiosa, só pra variar um pouco. Mentira, só pra reproduzir o comportamento da última semana. Detesto fazer entrevistas de empregos foda que parecem me querer por esse motivo: quando eles flertam comigo, passam o mel da grana boa e trampo suave de se fazer na minha boca e depois somem, eu sofro. Já chorei hoje porque esse silêncio, ele parece uma recusa. E aquela lista de atividades que prometi pra hoje? Bem, posso dizer que metade dela foi efetivamente cumprida.

Ansiosa demais, lavei minha roupa colorida que importa. Ansiosa até o último fio de cabelo, estendi as roupas claras e brancas. Ansiosíssima e nervosa, discuti com amiga onde tudo já andava meio bambo. Ainda bem que não cai, ainda bem que levo até que bem esses percalços todos, ainda bem que nunca mais surtei a ponto de ficar na cama três dias e me recusar a tomar banho. Mas, cadê você, cara?

Eu sei, eu sei: quanto egocentrismo, ando cuidando das criancinhas da África, das vítimas reais da sociedade, dos que passam frio nas ruas e lutam corporalmente pra viver de forma mais digna. No fundo, sou só uma mimada que tá cheia do que comer na geladeira e armário com lãs infinitas e não sei do que reclamo. Mas, pai do céu, tem esse tédio. Ele me mata lentamente, porque escolho pensamento pífios e atitudes terríveis pra me ocupar enquanto passa.

Cadê esse telefone tocando? Onde é que você enfiou as respostas pra tanto problema emaranhado? Por que não um empreguinho decente, por que diabos esse cara incrível volta e some e não fica ali, sentadinho, admirador, nunca? Tá complicado, cara aí de cima. Uma droga, afinal, tem a mãe que pensa que é tudo mentira os cinco currículos que envio por dia. Um saco, afinal, o cheque especial cobra juros. Os amigos já não tem tanto saco de escutar as mesmas paranoias transformadas em "problema".

Um abraço seu, Deus, e passo a reforçar as aves marias e pais nossos que profano mentalmente, numa esperança de ser mais espiritual. Uma luz no fim desse túnel nebuloso que se tornou a minha vida e acendo uma vela por dia, uma pra cada anjo, uma pra cada graça e louvor. Diós, em outra língua, quem sabe você me escute. Eu preciso ir embora, eu tenho uma pressa no íntimo e quilômetros pra rodar, só falta o combustível. Vem?

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